segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Rio de Janeiro: Lindo e mais seguro

Do alto do Pão de Açucar


Voltar ao Rio depois de 12 anos me fez ver o quanto mudei e o quanto a cidade mudou. Nas vezes anteriores havia sempre um medo muito grande de participar de uma daquelas cenas violentas e sem motivo aparente, que víamos frequentemente nas televisões. Dessa vez eu cheguei mais tranquila, sem pânico. Por outro lado, o Rio se mostrou mais amigável também, menos histórias de bandidagem, mais policiamento, mais relatos de que estão vivendo dias de normalidade e não de guerra, como era antes.
Usamos o metrô, ônibus e táxis, caminhamos a pé à noite. Não vimos nenhum episódio de perseguição, tiroteio ou arrastões. Claro que deve-se ter a mesma cautela que temos em qualquer grande cidade brasileira. Não podemos dar mole. Certo dia, entrando na estação do metrô, uma mulher nos perguntou se éramos de lá. Ao respondermos que não, ela logo avisou pra colocar a bolsa pra frente e esconder as máquinas fotográficas. Agradecemos mas não obedecemos, até porque carrego uma máquina maior que uma dessas comuns digitais. Não tem como esconder, a não ser dentro de uma bolsa grande ou mochila, o que não era o caso. Graças a Deus nada de ruim aconteceu.
Escolhemos ficar em Ipanema por ser menos turística que Copacabana e mais jovem. A proximidade com restaurantes menos clichês também motivou a escolha. Os preços, porém, não favorecem. Hotéis do mesmo padrão que em Copa podem ficar até 30% mais caros. Por isso, vale a pena reservar com antecedência. Sempre uso o Booking e o TripAdvisor para pesquisar e reservar mais de um. Vejo o site dos próprios hotéis também. Às vezes há ofertas que os sites ditos não mostram. Mais perto da viagem desmarco os que não quero.

Não fizemos questão de um hotel luxuoso. Queríamos um confortável e bem localizado, já que iríamos sair quase o dia todo. Chegamos, então, ao Ipanema Inn, ao Promenade Visconti e ao Everest Park. Todos na altura do posto 10 da praia de Ipanema. Por um erro na reserva do Promenade, restou-nos o Ipanema Inn. Uma graça de hotel. Café da manhã completíssimo, com opções de frutas, cereais, chocolate quente, omelete e tapioca. Serviço de quarto muito bom e atendimento amigável. É um hotel antigo, mas conservado. Alguns quartos já foram reformados e o restante será gradativamente, mesmo com o serviço em pleno funcionamento. A localização é excelente. O clarão no fim da rua na foto é onde fica o calçadão da praia. Nas ruas e quarteirões vizinhos há vários restaurantes e bares de renome. Deu pra ir a pé.


Passeios fora da cidade: 
Escolhemos a empresa Rio Show Turismo para nos levar aos pontos escolhidos. Após algumas pesquisas na internet, verifiquei que não havia nenhuma reclamação contra a empresa, mas também não havia nenhum comentário positivo. Incerteza. Fomos no escuro e surpreendeu positivamente. Ao que parece é uma empresa que terceiriza o serviço com agências de turismo local, gente séria que conhece o riscado. O legal é que a programação está toda no site e só pagamos no retorno do passeio, o que nos tranquilizou em relação a um calote. Claro que o preço foi um dos fatores decisivos, bem em conta. Não oferece luxo, porém dá mais tranquilidade e comodidade que fazer o percurso por conta própria, sem contar o tempo economizado. Eles buscam e te entregam no hotel, com guias educados e prestativos. Os passeios que escolhemos foram de um dia. É pouco tempo? Sim, no entanto, vale a pena pra conhecer o caminho das pedras, saber se vale voltar e investir mais dias no lugar. Sim, são cansativos porque até se conseguir sair do Rio de Janeiro lá se vão horas. Por isso aconselho intercalar os distantes com os na própria cidade. Eu garanto que aproveitei.
  • Petrópolis
A subida à serra diversificou nossa paisagem. Nem por isso menos bonita ou interessante. A estrada é linda, tortuosa, estreita. Dá vontade parar a todo instante pra tirar fotos. A cidade fica a uma altura incrível e ficamos imaginando como os que construíram a estrada trabalharam para fazê-la segura: a primeira rodovia asfaltada do país e um marco na engenharia nacional. A uns poucos quilômetros da entrada, paramos na Casa do Alemão para comer uns croquetes. Fiquei meio resistente no início por comer frituras logo de manhã, mas com a primeira dentada todo receio se desfez. Que delícia e que enxutos! Nem dor de estômago eu tive. Queria mesmo era ter voltado por lá pra comer mais uns três. haha Como a descida é por outra pista, fiquei livre da tentação. Consolaram-me os chocolates que compramos na primeira parada na cidade, uma loja de bombons e guloseimas. 
Ficamos por uma hora na rua Teresa, a rua das compras: jeans, malhas, biquinis, vestidos, blusas e muito mais. É gente que não acaba. Não deu pra muita coisa. Consegui comprar uns artigos pra malhar, uma blusa masculina e só. Bom pra quem não tinha a intenção de gastar.

Partimos para o almoço no self service Paladar Petrópolis. Casarão antigo e comida boa. Aproveitei pra tomar uma Bohemia, a cerveja do local e a mais antiga do Brasil, para refrescar e fazer uma pose pra foto. Normalmente mal consigo tomar um copo. 





Atravessando a rua, logo acima, visitamos a Casa de Santos Dummont. Um mimo, minúscula, de dois andares. Ao contrário do que muitos dizem, não foi ele quem a projetou. Apenas fez algumas observações ao projeto. Pude subir a escada que só se sobe iniciando com o pé direito, essa, sim, sua invenção; ver seu chapéuzinho característico e uma réplica do 14 bis. Há uma outra réplica do 1º avião em tamanho natural, na Praça 14 Bis, perto dali. Passamos por ela.
As outras paradas foram: Catedral São Pedro de Alcântara, que abriga os restos mortais de membros da família real e é lindíssima (espanta a semelhança com as da Europa); Palácio de Cristal, modelo de construções pré-fabricadas em aço e vidro, que virou moda nas cortes europeias; por fim, o mais aguardado, o Museu Imperial.  
Museu Imperial

Não se pode tira fotos no seu interior, o que é imperdoável mas compreensível. Também não se pode pisar o chão com seus próprios sapatos, é preciso calçar umas pantufas disponíveis na entrada, para não se danificar o piso de tábua corrida reluzente. Tudo é de muito bom gosto, móveis extremamente bem-conservados, cortinas e tapetes. O ponto alto da coleção é, sem dúvida, as coroas de D. Pedro I e II, seus mantos imperiais e a pena, com a qual a Princesa Isabel assinou a Lei Áurea. Ao ler a lei no original, emocionei-me.

Uau, que dia! Escrevendo me dou conta do quanto fizemos e o quanto foi proveitoso. Adorei! Valeu demais!
  • Angra

Sempre tive um sonho de conhecer Angra. Por isso, quando confirmamos a viagem ao Rio, logo comecei as buscas por passeios para lá. Inicialmente queria fazer o trajeto todo de barco. Como o tempo não estava ajudando, chovia todas as manhãs, resolvemos ir de ônibus de excursão até a cidade de Angra e de lá seguir de barco pelas ilhas. O preço caiu bastante, o que compensou o longo trajeto. Não tivemos tempo de conhecer a cidade, mas não era o objetivo mesmo. 
O mar estava bem tranquilo e o sol apareceu. Está aí uma coisa que gosto de fazer: passear de barco. A primeira parada foi na ilha de Cataguazes, uma ilhota com pedras e uma rala vegetação. Ao redor, um banco de areia que permite uma água morna e uma faixa para banho ampla e não muito funda. A tonalidade esverdeada é cativante.

  • Búzios
A chegada a Búzios de ônibus decepcionou um pouco. O lugar está muito grande, uma cidade. E o pior, com todas as mazelas de uma: falta de urbanização, esgoto, terrenos baldios entulhados de lixo. Não gostei. Fomos caminhando até o trechinho da praia, famoso pelas lojinhas e ruas calçadas. Bonitinho mas nada Ó. Brigitte Bardot me perdoaria se visse o mesmo. Tá, mas fomos pra ver o mar e o céu colaborou, mandou um solzão, dissipando as nuvens que fizeram chover pelo caminho. A escuna saiu dali e visitou o litoral sul, depois duas ilhas e voltou pelo norte, parando duas ou três vezes para banho. Mesmo sem cair na água, e não caí porque havia muitas águas vivas nas redondezas, adorei. A paisagem é bem bonita, mar verde, encostas com casinhas (de perto são casonas rs), camarõezinhos no espeto que os barqueiros do lugar trazeram pra vender. Humm, coisas boas de se viajar. Durou cerca de 2h. Depois fomos almoçar no segundo andar de um comércio, de frente pro mar. Self-service. Como já estava incluído, negar pra quê? Mas deve ter coisa muito melhor por lá. Tivemos tempo de andar pelas lojinhas, tomar sorvete carííííssimo e voltar pro ônibus. Talvez à noite seja interessante jogar tempo fora por ali. Não fiquei com aquele desejo de passar uma temporada lá. 

Onde comemos:
A rua Gonçalves Dias guarda essa joia da época romântica do Rio de Janeiro. Suas paredes espelhadas e o vitral do teto impressionam. O lugar preserva móveis e louças do início do comércio. Chegamos para um lanche de fim de tarde. Fomos comendo até encontrar algo que valesse a pena, isso porque pedimos sugestão aos garçons e ouvimos que tudo ali era muito pedido. O jeito foi observar as mesas ao lado e imitar. Se tivéssemos consultado o site, teríamos chegado logo ao pão vienense ou ao pão blumenau. Um pão caseiro, servido tostado com manteiga e queijo derretido. Acompanha geleia e mel. Simples e bom. Traz o nome de Torradas Americanas no cardápio. Resisti aos croquetes mas pelo visto valem a pena. Quem sabe da próxima vez?
Ambiente aberto, no corredor do shopping. A depender do horário, deve ser bastante barulhento, o que pouco me atrai. Mas fomos à noite, já havia menos pessoas transitando por ali.
Comemos Tagliatelle com ragú toscano e Risoto de tomate, burrata e manjericão. Ambos muito bons, excelente preparo e sabor. Preço entre R$ 40,00 e 50,00.
Pedi uma Limonada Spritz para beber. Maravilhoooooosa. Pena que vem pouco porque tem uma apresentação semelhante à caipirinha, num copo médio. Mas uma delícia. Sabor surpreendente. Voltaria lá só por ela.
Ambiente aconchegante, mais pro familiar no salão climatizado. Já a varanda pareceu mais informal. A comida é bem preparada, mas nada de excepcional. Pedimos um gnocchi e um tagliatelle ao molho fungi porcini. Foi apenas bom.
A salada caprese estava muito boa, bem semelhane às que comi na Itália. O gnocchi e o ravioli estavam divinos, com preços muito acessíveis. O ambiente oferece varandas e salas fechadas e climatizadas. Fomos para comer na vizinha Anna, que pareceu muito formal. Não perdemos a viagem. No Artigiano, tudo valeu a pena.
Ambiente executivo, relativamente pequeno, mas aconchegante. Ar-condicionado extremamente alto.
Os pratos são ditos individuais, mas para um apetite de mulher, servem tranquilamente duas pessoas. Pede-se o corte de carne com direito a dois acompanhamentos. Pratos muito saborosos. Fui no almoço. Nesse dia nem jantei de tanta comida. Fiquei de olho no risoto de camarão que serviram na mesa ao lado. Muuuito bem servido.
Nos deparamos com essa joia na entrada de Petrópolis. Fez nossa chegada mais animada. O carro chefe são os croquetes, muito sequinhos e deliciosos. Experimentei o de bacalhau e de carne. Deu vontade de comer uns 20. Na volta para o Rio, ficamos sabendo que há diversas filiais no Estado, inclusive uma em Leblon. Infelizmente não tivemos chance de averiguar.
Era domingo. Local lotado e preços salgados. Por isso optei por fazer um lanche de sanduíche de contra-filé e tomar uma caipirinha, que estava divina. Se eu conseguisse beber mais, teria sido melhor o custo-benefício. Mas valeu.

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